Editorial

Padrões inatingíveis, mortes inaceitáveis

Com o verão chegando, as academias começam a encher, as pessoas começam a fazer mais exercícios e a busca por um "corpo perfeito" se intensifica. Já na expectativa de ficar de biquíni ou sem camisa na beira da praia e das piscinas, todo mundo quer estar arrasando. O problema é que, via de regra, os padrões são inalcançáveis e, até para quem tem o dito "corpo perfeito" acaba insatisfeito com o que tem. Era o caso da digital influencer Luana Andrade, que participou de diversos reality shows e morreu ontem com apenas 29 anos após, pasmem, uma lipoaspiração no joelho.

A moça era seguida por 375 mil pessoas no Instagram e, por lá, relatava uma vida fitness, mostrando rotina de academia, corpo definido e tudo mais. Ainda assim, como tantas outras pessoas, procurou mais. A rede social estimula essa busca. Por lá, todos estão felizes, bonitos, sarados, apaixonados. Sabe-se que a vida real não é assim, mas quem mergulha por muito tempo no digital, acha que todos vivem ali, exceto ele (a) mesmo.

O digital não é o real. Ele apenas mostra recortes de quem a pessoa é. Ali, só se expõe o que é filtrado, pelo ângulo escolhido e pela ótica própria da rede social. Basear-se por aquilo ali adoece. É natural admirar o corpo perfeito, a vida feliz, a pessoa alto astral, mas há um limite. A busca por padrões, especialmente os estéticos, leva diariamente pessoas, e em especial as mulheres, a um sentimento de frustração. No Instagram, corpos reais raramente são expostos. O exercício a ser feito é sair na rua e notar que o padrão humano é ter as "imperfeições". As próprias pessoas que expõem essa vida usam os recortes citados acima.

Desde que o mundo é mundo mulheres são direcionadas a procurar alcançar objetivos estéticos impostos pelo que é considerado bonito naquele momento. Séculos atrás os corsets já espremiam órgãos e causavam problemas de saúde. Hoje, é a bulimia, anorexia, procedimentos cirúrgicos e tudo mais. No fim, esse objetivo raramente (para não dizer nunca) será alcançado. E, se for, será com muita dor e privação. Então, qual o ponto de buscar isso? Que bem isso faz? Quantas vidas são perdidas nesse caminho? É uma pena vermos jovens morrendo e sabendo que o problema vai continuar.


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